A pergunta que não quer calar é: para que tanto papel? Não sei dizer se é comodidade, tradição ou amor. Ou os três combinados. Eu sempre amei papel. O cheiro, a textura, as cores e a diversidade de produtos que se pode fazer com este material incrível sempre me deixou entusiasmada. Quando eu era criança adorava ir à banca de jornal com meu pai e comprar bonecas de papel para brincar. Um gibi da Turma da Mônica já me deixava feliz. Acontece que o Brasil tem um parque gráfico gigante, com tiragens exorbitantes de papel para os mais variados fins uma vez que ele está inserido em boa parte do nosso modo de vida e ninguém quer ficar sem embalagens, livros e revistas, dinheiro, papel higiênico, sem falar do zoado aviãozinho de papel da escola. É papel e tá tudo bem!
Sempre pensamos: o papel pode ser reciclado ele não é tão nocivo para o meio ambiente. Mas, isso não é verdade. A reciclagem é o último estágio de recuperação deste material que amamos tanto. Quando o papel vai para a reciclagem ele se torna mais caro do que o papel virgem, visto que o custo de água e energia elétrica usados para o processo de reciclagem requer mais investimentos. Outra questão que me incomoda bastante é que a reciclagem no Brasil não tem relação com educação ou percepção de melhoria no índice de desenvolvimento humano associado ao consumo. A reciclagem em nosso país está associada a pobreza. Esta pauta é um assunto muito sério, e precisamos refletir com seriedade sobre o seu impacto nas nossas vidas – porque ela não vai mudar de cara enquanto a sociedade não se mobilizar e tomar uma atitude que mude a realidade das pessoas que dependem da reciclagem de materiais para viver.
O processo de fabricação do papel é basicamente o mesmo desde quando os chineses o inventaram, com vários incrementos que a tecnologia nos concede ao facilitar o processo e a produção do produto em relação ao começo de sua história.
No Brasil o papel é feito a partir da celulose retirada da polpa do eucalipto, uma árvore nativa da Austrália, que se adaptou bem no Brasil e é a base do papel fabricado aqui no país. A árvore é cortada na mata, levada para a fábrica, picada, lavada, cozida e processada até se obter uma pasta branquinha preparada para entrar na máquina de papel e ser transformada em folhas bem grandes que são prensadas e secas para depois serem cortadas em diferentes tamanhos e formas e ser empacotadas para sua distribuição entre os fabricantes de papel. Cada tipo de papel tem um processo de fabricação diferente e recebe a inserção de outros materiais misturados a sua massa como corantes e componentes químicos específicos para criar as características dos muitos tipos de papéis que temos à disposição: Cartolina, Papel de Seda, Almaço, Manteiga, Vegetal, Alumínio, Couchê, Canson, Markatto, Sulfite, Mata Borrão, Kraft, Papel Jornal, Carbono, Camurça, Reciclato, Pólen Bold, Vergê, Offset, entre outros.
Para apresentar esta imensa variedade de papéis fabricado no país, ou até fora dele, eu como professora de design gráfico realizo junto aos meus alunos uma atividade de criação de um mostruário com pequenas amostras que serão coletadas logo no início do semestre. A ideia é coletar o maior número de amostras possível de papéis tendo o cuidado de identificar o tipo de papel (Papelão, Sulfite, Holler, Vergê, etc.) e sua gramatura (a quantidade de massa de papel por m²). Eles geralmente começam a pesquisar em casa antes de ir a um lugar especializado que venda papéis.
Este pequeno mostruário deve conter além dos papéis coletados as anotações das texturas variadas para que se possa identificar que papéis são esses e como eles podem ser utilizados. Este trabalho de pesquisa com papéis dura 1 mês e geralmente o entusiasmo toma conta dos alunos, pois o trabalho de pesquisa é muito instigante.
Na finalização, convido meus alunos a formalizarem o mostruário dando forma e capa ao projeto e aqui convido você a fazer o seu mostruário de papéis. Corte da maneira que achar interessante apresentar este mostruário para um futuro cliente. Alguns cortam quadrado, outros cortam retangular, outros cortam em bolinha. Quem vai decidir a forma é você. Depois faça a identificação dos papéis escolhidos (pode ser numa etiqueta escrita à mão mesmo, ou direto no papel, desde que você consiga ler o que escreveu). Organize por semelhança, ou seja, os papéis parecidos próximos. Faça grupos e estabeleça uma ordem indo dos papéis mais finos para os mais grossos. Faça a furação, coloque um espiral, um pino ou uma argola e você tem o seu mostruário de papel!
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Um abraço.
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